21 de nov. de 2013

Lindo e sutil trançado, que ficaste
em penhor do remédio que mereço,
se só contigo, vendo-te, endoideço,
que foras cos cabelos que apertaste?

Aquelas tranças de ouro que ligaste,
que os raios do Sol têm em pouco preço,
não sei se para engano do que peço
se para me atar os desataste

Lindo trançado, em minhas mãos te vejo,
e por satisfação de minhas dores
como quem não tem outra, hei de tomar-te

E se não for contente meu desejo,
dir-lhe hei que, nesta regra dos amores,
pelo todo também se toma a parte.
-Luís Vaz de Camões

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