29 de nov. de 2013

The Brightest Light I've Ever Seen


   Was just so abrupt... I heard his voice and I walked foward. I didn't thought, I think I could say I had no idea what I was doing at this point, I just walk foward. Not because he asks, no, but because I wanted to. And I didn't want because it would be cute, I walked to say: I want to be in the party of the One has all glory. I want to be side be side with the most powerful and holy creature that we can conceive. I want to be with Him, always, and I want Him to be with me. That's why I walked foward that night.
And, suddenly, that became just so beautiful. I didn't tought, I almost didn't know why or what I was doing that. But, suddenly I didn't care anymore. Was so beautiful... I just became in this thing, this white, brightness thing. As all my mistakes on earth had never exist. As I had been something different, in another time, a time I didn't even could remember, but now I could see a little part of the light that I had in that time. And I forgot what I was, to became another thing. But in that moment, oh, in that moment I just came back to the origins, I just realized that there was a time that I was much, much more, much better, and not alone, noone could do this alone, but with Him. And I felt like this great point of light, brightness, security, hope, amid all this black hole of sin. And it was like I was a great cup of wine, and the wine of love overflows of me, and security and hope drips of my mouth like honey, because I returned to this great, pale light, full of holyness and security.

   I never felt like that, and probably I'll never feel like that again, not in this life.

   But I have faith, one day, I shall go to this great pale light again. I'll come back what I have been for so, so many ages, but that I had forgot. And will come a day, when all in that earth will be not able to satisfy me, that I will fall and decay and meet this light again, and in that day, I will not be able to look at this light. But then, then the light will look at me, and say: Come with me, my son.

   And we will become just one thing.
 
   A big point of pale, white light.

26 de nov. de 2013

O ser humano não presta

   O ser humano é uma merda...

   Eu preferiria mil vezes ter nascido um animal, do que nascido ser humano...

   O ser humano é a única espécie que mata seus semelhantes...

   Pare e olhe ao seu redor. Pra valer. Assista um dia inteiro de televisão. Saia à rua, veja as pessoas, converse com elas. Pergunte como elas estão, o que estão fazendo da vida, quais são seus problemas pessoais e emocionais, e por tudo que elas já passaram na vida. Vá a um presídio mais próximo, e escute um pouco das histórias que as pessoas dali tem para contar. Vá a um hospital, e veja todas as pessoas decaindo e desistindo de viver. Seja atento.

   E, depois de ver tudo isso, depois de experimentar um pouco do que o mundo pode oferecer para aqueles que o amam, pergunte-se a si mesmo: Há bondade no ser humano? Vale a pena viver como um homem?

   Você certamente viu coisas terríveis, ouviu coisas terríveis. Coisas que você nunca pensou que pudessem existir, sofrimento tão grande e sufocante que lhe parece que ninguém nunca poderia suportar. O mundo lhe parecia apenas injusto, mas agora você sabe que justiça não existe. Você viu todo o sofrimento que as pessoas podem sentir, e superficialmente, apenas por um leve e breve momento, você sentiu um pouco da dor que elas sentiam. E você sentiu pena.

   Ainda vale a pena viver num mundo destes?

   E você chega a uma conclusão: Não.

   Pois, agora digo, mais pena tenho de você, do que aqueles que sofrem. Pois você viu tudo, todo o sofrimento que o homem pode causar, toda a dor que o ser humano espalhou pela Terra em milhares e milhares de anos, você viu e ouviu tudo o que pode acontecer de ruim a alguém. E, o fato mais importante: Aquele fato pequeno no canto do olho, que todos ignoram, pois há algo maior a olhar. Aquele fato que poucos enxergam. O fato de que, as pessoas ainda estão lá.

   Você ficou perplexo com o que viu, não pôde acreditar. Você sequer sentiu, você viu, ouviu, e decidiu que o mundo não é um lugar belo de se viver. Mas não atentou ao fato de que, aqueles que o sentem, sentem a dor, o sofrimento, o desespero. Estas, as de menos esperança, que menos tem a perder; estas ainda estão lá, sofrendo, mas sobrevivendo.

   "O mundo não é belo", você pensa. Mas, que beleza é essa, pergunto, que pode fazer os mais enfermos, mais marcados, mais culpados, mais sofridos, levantarem e dizerem: "Se é por este mundo que luto, então lutarei até o fim!".

    Você viu tanta coisa, e deixou um pequeno detalhe passar: A humanidade resiste. Além de tudo que há, tudo que houve e haverá, a humanidade resiste, sempre em frente, sempre lutando para ver este mundo belo e rejuvenescedor se levantar novamente, em uma nova alvorada de triunfo. É nisto que as pessoas acreditam, e é por isso que elas lutam.

    Você viu o pior e o melhor do ser humano. Você viu como o ser humano pode ser cruel e devastador. Mas você também viu que, apesar de tudo isso, o ser humano resiste, forte, e duro, contra tudo que vier. Você viu o ódio, mas também viu o amor. É nisso que acreditamos, o amor.

   Acredite você também.



O que é Ser Humano?

21 de nov. de 2013

Gesto de Contemplar


Como a luz do Sol batente
Nas águas de rios tão lisos
É a luz em teu cabelo latente
Em teus cachos tão imprecisos

Acima de mim, a luz do luar
Brilhante sob a escuridão
Do meu ser. Da tentação
Irresistível de amar

Transbordando de esperança
Rio tão verde, revela janelas
E me dão bem-aventurança
Que em minh'alma atrelas

Mas nada se compara, não
A sorriso tão devastador
Pois tão cheio de fulgor
Que me enche de emoção

Então abram-se os portais
Que teus lábios desencerram
E as memórias especiais
Que tuas alegrias desenterram

Pois que será de meu ser
Após enxergar tal luz
Que não poderei deter
O que tal memória conduz?

Dos males, o pior
Do gozo, o melhor

Vem de fora de minh'alma
E atinge o inatingível
Minhas águas ela acalma
E realiza o impossível
Lindo e sutil trançado, que ficaste
em penhor do remédio que mereço,
se só contigo, vendo-te, endoideço,
que foras cos cabelos que apertaste?

Aquelas tranças de ouro que ligaste,
que os raios do Sol têm em pouco preço,
não sei se para engano do que peço
se para me atar os desataste

Lindo trançado, em minhas mãos te vejo,
e por satisfação de minhas dores
como quem não tem outra, hei de tomar-te

E se não for contente meu desejo,
dir-lhe hei que, nesta regra dos amores,
pelo todo também se toma a parte.
-Luís Vaz de Camões
Quem vê, Senhora, claro e manifesto 
o lindo ser de vossos olhos belos, 
se não perder a vista só em vê-los, 
já não paga o que deve a vosso gesto. 

Este me parecia preço honesto; 
mas eu, por de vantagem merecê-los, 
dei mais a vida e alma por querê-los, 
donde já me não fica mais de resto. 

Assim que a vida e alma e esperança 
e tudo quanto tenho, tudo é vosso, 
e o proveito disso eu só o levo. 

Porque é tamanha bem-aventurança 
o dar-vos quanto tenho e quanto posso 
que, quanto mais vos pago, mais vos devo.
-Luís Vaz de Camões

19 de nov. de 2013

Ó Bela, minha Rainha

A primeira vez que lhe vi, ó bela
Sabia que já havia a encontrado
O segredo que o olhar revela
Segredo de já tê-la amado

Como um sonho de infância
Não deste, mas outro tempo
Senti ao deliciar tal fragrância
Pois não houve sequer lamento

De súbito o sentimento a voltar
O quanto a amava, ó minha
Volta-me a sensação do olhar
Volta a mim, ó rainha

E quando os olhos serro,
Belo rosto a contemplar
Então a saudade encerro
Pois tenho algo a admirar

Alegria vindoura
Sentimento tão belo
Sensação duradoura
Criação de um elo

Desconheço o que me esperas
Pois diferença não haverá
Da saudade terei deveras
Pois meu amor continuará

Meu Sol e Lua

Sol, quente e flamejante,
Cor dor do ouro fulgurante.
Queima, cria, destrói;
Modifica, forma, corrói.

Pálida Lua do olhar.
Único singelo do contemplar;
Depressiva, sempre viva,
Escondida, mas sempre ativa.

Como poderei escrever
Da piedade do ser.
Impossível compreender
O que foi criado para se ver.

13 de nov. de 2013

Ondas do Luar

Magnífico caminhar
Que anda sob o luar,
Ondas de bravura
Realeza da arte.

Cai sob mim,
Com todo o esplendor.
E eterno fulgor
Que há no olhar.

Com semblante de ouro,
Teus cabelos tão louros,
Fulgurante como o Sol,
Delicada como girassol.

Cai sob mim,
De ondas tão belas.
Tais ondas no luar.
Para mim, ó bela, contemplar.

9 de out. de 2013

Senhora do Tempo

Admirável senhora mui bela
Que vem tão distante desta terra
Quanto tempo tens passado?
Pertences tu a tal era?

Pois tu não escutas?
Que dirá desta conduta,
Ter ampliado minhas lutas
És tu senhora tão humilde?

Ó rosto tão pálido
Fonte de beleza,
De amor tão cálido
Tu tens, ó donzela

Ouça meu chamado, senhora
É por ti que clamo nesta hora
Das esperanças, foram-se embora
Ouça meu chamado, senhora

6 de out. de 2013

Brilho, ó brilho incandescente

   Olhos, ó poderosos olhos que vejo por este pálido e belo rosto. Ó poderosos diamantes, do brilho mais fumegante que contemplo nesta hora. Por que vais? Por que me abandonais? Não possui piedade ó tu, de coração tão humilde?
   Pois nesta terra fora concebida, poderosa flor da aurora, que contemplo nesta hora. Ó encantadora pérola de desejo, implacável fonte regozijadora do mais belo manjar que paira sob meu ser, para assim olhar-te e dizer, o quanto a quero.
   Pairaste sobre mim, ó bela, mais uma vez para que eu a possa contemplar, pois meus olhos ainda não estão saciados, pois nem todo o brilho de toda e cada joia rara que fora concebida neste mundo longínquo pode submeter-se a tal brilho incandescente que teu mar reluzente pode sustentar. Paira sobre mim, ó bela, para que eu possa contemplar.

3 de out. de 2013

A Day far Away

   Will be come a day, when I'll look into your eyes and say what I feel. Will be come a day, when I'll walk and fly and talk and be... free. Will be come a day, when I'll look to my brother at my side, and I'll say "We are the same, my brother". Will be come a day, when me and my brother will walk free, without restructions, without penalties, just... Free.

   But to this day come, we have to fight. But how can we fight when they arrest us?

   Run where?
   Fight how?

Ouviste teu Canto

Ouviste, ouviste
Ouviste teu canto.
Tão belo és teu fulgor!
Que tal ordem afligiste

Por que levantais, ó poderoso?
Por que parastes teu sonho?
Para seguir outro sonho, ó belo
Sonho tão belo e desbravador

Ouviste, ouviste
Ouviste teu grito
Raivosos e aflitos
Cansados de esperar

Por que demorastes, bravo guerreiro?
Por que, em nome desta pátria
Por que, em nome desta terra
Demoraste a aclamado chamado?

Devorais esta terra
Vede quão brilhoso és
Vós que tanto esperais
Enfim regozijais!

Ouviste, ouviste
O término desta canção
E guardais em teu coração
O começar do novo canto

Donzela

   Ó, tal donzela tão amada e tão distante. Que homem, que guerreiro? Que leão, seja águia ou gavião, poderia afligir tal muralha de valor imensurável! Que flor, que jóia? Quanto ouro no mundo poderá haver, pois de toda jóia e de tudo que fulgura, não há beleza mais radiante quanto a que vejo ao meu lado. Nem Sol, Lua ou estrela! Nem mesmo todo o brilho do Universo, pode se comparar ao brilho que encontrei em teu olhar. Ó, donzela tão distante!
   Que haverei de fazer? Que haverá leão, seja águia ou gavião, capaz de realizar para conquistar tal brilho incandescente, tal alicerce de sustento da mais bela criação? Diga-me, pois! Poderá homem nesta terra algo a realizar, para que teu sustento anime? Poderá pois ele medir tal vastidão incomparável? Poderá ele ser presa e caçador? Diga-me, pois!
   Tal brilho que encontrei já não pode alegrar: Tão grande és tua beleza que não há homem, leão, águia ou gavião capaz de afligir-te. Embora vá, pois, e teu brilho levais consigo! Pois a cada momento vem novo tormento, e tal jóia brilhosa, tais olhos não podem mais sustentar.
   Ó, tal donzela tão amada e tão distante...

21 de set. de 2013

A Esposa do Cordeiro

 
    Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda". Gênesis 2:18

   Uma das várias partes conflitantes que encontramos na Bíblia. Porquê, afinal, um ser todo-poderoso e onisciente, iria criar um homem completamente sozinho, somente para depois disso criar uma companheira para ele? Não saberia Deus da condição "carente" que havia Adão?

   A passagem do Éden - assim como grande parte do Gênesis bíblico - é um dos mais belos exemplos de mitos que podemos encontrar. Geralmente, a palavra "mito" remete a estórias completamente fictícias e fantasiosas criadas para explicar o inexplicável. Porém, em raros casos, o mito pode ser considerado uma verdade. Ora, um mito tenta explicar algo que não pode ser explicado, o que não significa que esse algo não exista - o mito em si, tenta encontrar uma solução simples e prática, embora geralmente ilógica e confusa, a algo complexo demais para o homem (à sua época) compreender.

   Visto que a passagem da criação de Eva a partir da costela de Adão é um mito, partimos do pressuposto de que o mito é verdade, porém não aconteceu do modo como nos é relatado. Várias versões tem sido criadas para desmistificar a "lacuna" deixada por Moisés (ou seja lá quem tenha escrito o primeiro livro do pentateuco) na Bíblia.

   Uma dessas versões nos leva à personagem de Lilith, que seria originalmente a primeira mulher de Adão. Deus, ao fazer Adão, automaticamente cria uma companheira, para habitar o Éden, essa companheira seria Lilith. Lilith porém não estava satisfeita com a vida no Éden (há divergências, alguns afirmam que ela estava somente não satisfeita com o ambiente, enquanto outros afirmam que ela se sentia insatisfeita com o prazer sexual com Adão), e estando insatisfeita ela procura prazer sexual com demônios, ato que faz Deus expulsá-la do Éden. Então, Adão fica finalmente só, o que faz com que Deus crie Eva para ser sua nova parceira - vide que esta é uma entre muitas estórias.

   Faz muito mais sentido para nós pensar que Lilith foi criada junto à Adão, é uma explicação muito mais sensata que pensar que Deus - sendo onisciente - teve uma epifania moral para criar Eva. Tal coisa não nos faz sentido.

   Há, porém, uma outra explicação que tenta explicar como e por que Eva foi criada posteriormente à Adão, e é essa explicação que pretendo explorar - foquemo-nos pois, nesta.

   Atentai para a criação do mundo:  No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. (Gên 1:1-2). Poderia, pois, o Universo já ter sido criado, então? Poderia o Universo e a própria Terra ter sido criada antes disso, e Deus ter apenas nos colocado aqui? Ou a "face do abismo" não seria um modo mitológico de nos tentar dizer que nada existia? - afinal, os hebreus da época deste livro não conheciam sequer o vácuo. Me é muito mais agradável escolher a segunda opção, e pensar que o Universo era o vazio, sem matéria, luz, calor, espaço, ou sequer o tempo. Tais condições faziam com que só Deus poderia existir ali. Até que Deus cria o Universo. Disse Deus: "Haja luz", e houve luz.

   A Bíblia nos mostra uma ordem exata com que Deus criou todo o Universo que nos é conhecido. Ao sexto dia, após todas as coisas terem sido criadas em sua devida ordem, Deus decide criar um ser para apreciar toda a Criação, e põe seu próprio fôlego - uma alegoria para o Espírito Santo soprando na carne - dentro do homem. E o homem nasce.

   Voltemos à condição de Deus em meio ao vazio. Nos é estranho pensar que Deus se sinta sozinho - afinal, Ele é tudo. Tudo que existe ou já existiu, todo pequeno átomo, Deus está em tudo. Portanto, nos é extremamente conflitante pensar que um ser onipotente e onisciente possa se sentir solitário, a ponto de criar seres para o fazer companhia - seja anjos, seja homens. Fato é, que toda a Bíblia gira em torno de um pressuposto: Deus se faz parecer homem para que nós possamos o compreender (penso ser desnecessário dizer que o maior exemplo disso é Jesus Cristo, a encarnação humana do próprio Deus). Talvez Deus não se sinta solitário, mas é importante nós pensarmos que Deus nos mostra que Ele mesmo estava solitário, para que nós possamos o compreender. Se pensarmos desse modo, podemos pensar também que fomos criados para fazer companhia à Deus. Deus nos fez à sua imagem e semelhança.

   Pensemos agora em Adão. Um homem em meio à toda natureza, toda magnificência do Universo para contemplar. Ele tinha todo tipo de criaturas em volta dele, e mesmo assim, havia algo que ele ansiava: Alguém semelhante, alguém igual a ele que pudesse lhe fazer companhia.

   Isso faz-me pensar que talvez Eva não tenha sido criada posteriormente. Talvez Eva tenha sido criada junto à Adão, ao mesmo exato momento. Talvez, toda a história de Eva como uma criação posterior, tenha sido nos apresentada como mito, um mito para que entendamos como Deus se sente, ou como para que entendamos como Deus se faz por nós para que possamos compreendê-lo. Quando Deus cria Eva para Adão, é o mesmo que Deus criando o homem para si mesmo - Deus cria uma companheira para si, para passar junto com Ele, alguém que seja espírito, uma companheira, que é a humanidade.

   Um dos sete anjos [...] aproximou-se e me disse: "Venha, eu lhe mostrarei a noiva, a esposa do Cordeiro". Apocalipse 21:9

13 de set. de 2013

Ser Humano

    As pessoas querem tanto ser diferenciadas umas das outras, para não cair na mesmice de sempre. Um apelo à sua liberdade como indivíduo. Mas, esquecendo dos traços aparentes, nós não somos todos praticamente iguais?

   Digo, a evolução - inegavelmente uma verdade - funciona para todos. Todos nós gostamos de música, todos temos afinidades com árvores. Todos gostamos do prazer social, gostamos de amar e ser amados, embora alguns tentem não demonstrar isso. Fomos caçadores um dia, e hoje gostamos de ver outros caçando - geralmente na forma de esportes ou em filmes, gostamos de perseguições (reais ou intelectuais). Somos todos um bando de 7 bilhões de macacos ambulantes que pensam e falam e compram e correm e fazem.

   Porquê tentamos nos tornar diferentes disso?

   Ao mesmo tempo, todos somos espantosamente diferentes. Cento e seis bilhões de pessoas que já existiram, e nenhuma delas é completamente igual. Todos temos uma diferença única em nosso DNA. E isso não chega à metade do que podemos conceber. A cada ejaculação, milhões de espermas movem-se com suas caudas exuberantes em rumo a um só objetivo. Cada uma dessas criaturas microscópicas, projetos do humano que um dia virá, tem uma formação única, que mesmo que tentássemos por toda a eternidade vindoura, nunca poderíamos repeti-la. Aquela microscópica coisa, que carrega a chave única, para um único ser humano.

   Somos iguais em muitos aspectos, e diferentes em tantos outros. Somos maldosos, bondosos, ricos e pobres. Somos pensadores, somos procrastinadores, agimos e deixamos de agir. Nós, neste minúsculo ponto azul, aos olhos de milhares e milhares de olhos fumegantes a encarar-nos, nesta bola gigantesca, aqui estamos nós. Nós falamos, comemos, corremos, compramos, pensamos, raciocinamos, assistimos, ouvimos, vemos, nós tocamos, sentimos. Nós podemos sentir, e podemos ver o que está perto de nós. Nós, a inóspita raça humana, que por milhões e milhões de anos avançou - nós, os mais inúteis, que não voamos, não enxergamos, ouvimos, ou tocamos bem. Não somos mais fortes ou maiores, não somos mais velozes ou mais ferozes. Nós, aquela pequena raça que ninguém incomoda, mas que em meio a milhares de espécies, tinha uma característica única: Nós somos fracos. E foi por sermos fracos que progredimos. Avançamos. Nós construímos e nós amamos. Avançando a cada passo, rumo à maior espécie que já se viu. E hoje estamos aqui, a subjugar todos aqueles que antes nos subjugaram.

   Então eu peço, valorizem suas pequenas vidas. Nós somos muitos, e somos fortes. Há 7 bilhões no mundo, e nenhum deles é igual, nenhum deles é semelhante - por que então a vida deveria ser? Tenha uma boa vida, uma vida única. Tenha uma vida fantástica. Isso é o que realmente vale a pena. Isso é ser humano.

12 de set. de 2013

Foco

   O Brasil já passou por muita coisa.
   Já passamos pelo comunismo, estivemos no fascismo, estamos no capitalismo.
   Passamos pela ditadura, a democracia, séculos de monarquia.
   Tivemos ditadores, reis, principes, monarcas, patriarcas, presidentes, e nada se resolveu.
   Então, que diabos? Nos importemos com nós mesmos, afinal, nada irá realmente mudar.

10 de set. de 2013

As Estrelas, por Olavo Bilac

Quando a noite cais, fica à janela,
E contempla o infinito firmamento!
Vê que planície fulgurante e bela!
Vê que deslumbramento!

Olha a primeira estrela que aparece
Além, naquele ponto do horizonte ...
Brilha, trêmula e vívida... Parece
Um farol sobre o píncaro do monte.

Com o crescer da treva,
Quantas estrelas vão aparecendo!
De momento em momento, uma se eleva,
E outras em torno dela vão nascendo.

Quantas agora! ... Vê! Noite fechada ...
Quem poderá contar tantas estrelas?
Toda a abóbada esta iluminada:
E o olhar se perde, e cansa-se de vê-las

Surgem novas estrelas imprevistas
Inda outras mais despontam ...
Mas, acima das últimas avistas,
Há milhões e milhões que não se contam ...

Baixa a fronte e medita:
— Como, sendo tão grande na vaidade,
Diante desta abóbada infinita
É pequenina e fraca a humanidade!

21 de ago. de 2013

The Impossible Question

   I can believe that everything was created by an explosion. I can believe that "we came from monkeys", as many say. Yes, I can believe we are just dust that came from the great mass of the Universe.

   But there is one thing I refuse to believe: That everything in this Universe, all of Time and Space, everywhere and anywhere, every star that ever was, have been created by chance. I refuse to believe that every supernova already extinct, and every molecule already designed, have not been created by a perfect and complex mind. In all the Universe, the one thing that is impossible believe.

18 de ago. de 2013

Contemplai

Olhai, meu irmão
E vide a criação
Contemplai, amigo meu
E envergonhastes de tua existência

Pois tudo disso foi criado
Por um e para um
A fim de que fosse contemplado
Tu e eu, meu irmão
Fomos criados

Olhai para o alto
E ouviste teu canto
Como gotas em um manto
Para elas a ti contemplar

Infindável criação
Tu e eu, meu irmão!
Criados para apreciar
Criados para contemplar!

11 de ago. de 2013

Análise Comportamental em Macacos

Numa experiência científica, um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula.

No meio uma escada e sob ela um cacho de bananas.

Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e batiam muito nele.

Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros que o surraram.

Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada.

Um segundo foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo da surra ao novato.

Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.

Um quarto e, afinal, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas então ficaram com o grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.

Se fosse possível perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui".


Isso me lembra quando era moleque, e uma vez uma professora contou uma estória: Um aventureiro, em uma de suas aventuras, encontrou uma vez dois irmãos brigando ferozmente. Quando o aventureiro conseguiu finalmente acalmar os dois irmãos, e perguntar o motivo deles estarem brigando, eles responderam "não sabemos, estamos fazendo isso a tanto tempo que esquecemos do motivo".

É, talvez nós não sejamos tão evoluídos assim...


Vídeo da experiência:


24 de jul. de 2013

Song for a lonely wolf

And who is this wolf,
Who don't howls,
Who don't sniffs,
Who don't hunt
And don't bites

Who are you, young wolf,
Who so easily shut up?
'Cause how can a wolf
Live in the shyness?

21 de jul. de 2013

Caros amigos,

Eu não conheço metade de vocês como gostaria, e gosto de menos da metade de vocês a metade do que vocês merecem.
     Grato,
           Feliz dia do amigo!

The old and new brown

   And here I am, looking at your bones. Not white bones, neither rotten bones, no. Your bones, are new and old bones, not white, but brown, cut and beautiful bones.
   And looking at it, I think what you have been before. All your beauty, all your splendor, all your glory, dead. All dead. And all this just for use your bones, like adornment.
   Because now... Now I look for you, and I see nothing. No more green, no more red, no more yellow, just the old and ancient brown.
   They killed you, they hurt you, they cut you, and now rest just brown, for more one collection.

A Batalha Individual

   Meus olhos enfim se desencerram depois de um sono profundo, um desfalecimento físico.

   Primeiro, ponho-me a pensar; a reconnhecer a minha existência como ser. Aos poucos, vem-me as memórias, me recordo quem sou.
   Depois, o reconhecimento físico: agora já distinguo quem sou e onde estou. Finalmente ponho-me a refletir.

   "É manhã", penso eu. Logo, terei de estar numa fábrica, vestido adequadamente, pondo-me a trabalhar.

   Será?

   Ponho-me a refletir sobre o mundo que me cerca. Porque deveria me importar? Que diferença iria fazer? Deveria eu levantar?

   Mas o questionamento logo se esvai, já não havendo escolha. Deve ser feito.

   Agora, não mais hesitando, corpo e alma mais forte ficam, e a cada músculo mexido, me sinto mais forte. Enfim, fui superado.

   Embora batalha vencida esteja, ponho-me novamente a pensar. Deveria seguir adiante? Deveria confiar alma e espírito meu à mera sorte? Pois ora, quem diria que o sonho é prevalecedor, afinal.

   Mas logo a loucura novamente de mim toma conta, e todas as respostas, as quais uma vez eu chegara tão perto, agora porém pareciam mero sonho, perdidas subitamente no encantamento esquecido.

   Logo já não há razão, e ponho-me a levantar. Dou os primeiros passos. Pergunto-me por qual razão faço isso, um mistério que há muito empenho em resolver, embora razão tão misteriosa seja.

   Quanto tempo aqui passou, me parece improvável dizer. Pouco ou muito, tudo que posso saber é que o tempo passara, mas segundos ou séculos, que mínima criatura filha do Criador se atreveria a afirmar?

   A esse ponto, no entanto, o sonho já se desvanecia. Minha antiga vida agora parecia mera vida vivida em outro tempo, outra época, outro lugar. Uma vida vivida em outra vida.

   Pois é impossível para um homem viver neste mundo sem abraçar a ignorância, o fingimento e a falsidade. Pois todo homem deve fazer uma escolha, uma escolha que determina quem você é, e separa as pessoas entre as comuns e as especiais. Infelizmente, eu fizera a escolha errada.

   E que opção teria eu agora? Pois quando homem abraça a ignorância por tempo demais, logo a realidade se torna mera fantasia.

   E aqui termina meu lamento, o lamento de alguém que indubitavelmente espera pela morte, e nada mais.

10 de jul. de 2013

A good man goes to war, by Steven Moffat

Demons run when a good man goes do war
Night will fall and drown the Sun
When a good man goes to war

Friendship dies and true love lies
Night will fall and the dark will rise
When a good man goes to war

Demons run, but count the cost
The battle is won, but the child is lost
When a good man goes to war

A Ilusão

   E ele acorda em sua cama, no meio da madrugada, e de súbito seus pensamentos levam ao nada. "Está escuro", pensa ele, "assim como eu estou". Nada vê, nada pensa, nada faz. Seu maior feito ali era ser engolido pela escuridão, se tornando parte dela, e formando parte de algo maior, o único maior em que poderia fazer parte.

   Logo se levanta na escuridão, acende uma luz e vê o que há em volta: bagunças espalhadas, lixos, aparelhos eletrônicos, roupas, livros, e tudo aquilo que lhe dava algum prazer. Qualquer um que entrasse ali acharia o local o próprio inferno, manifestação voluntária do caos que há no não-prazer. Mas não pare ele. Para ele aquele lugar representava seu paraíso, seu único refúgio em terra, o único lugar que era compreendido. Ali, na escuridão, naquele lugar, seus olhos refletiam sua própria alma: Bagunçada, imunda e com pequenas pitadas do prazer emocional.

   Assim como homem mortal que é ele se dirige a outro lugar, onde encontra apetrechos que pode carregar dentro de seu ser, e que lhe dariam vida. Dentro daquela imensa caixa branca, talvez a única parte limpa do lugar, ele podia encontrar outra pitada de prazer.

   Como ser que já não tem esperanças por viver, onde sua única e mera razão por existir é esperar à morte, ele se senta em volta daquela grande caixa preta com vidro, acende suas luzes, e logo ele mergulha em um outro mundo que já não é o nosso, um mundo onde tudo é novo e inesperado, onde podes tudo e não pode nada: Ali, dentro daquela caixa, ele encontraria o que procura, afogando-se em sua falsa ilusão de realidade, suas fantasias ali seriam cumpridas, e novamente, dentro daquele lugar imundo, ele encontraria um prazer que nunca imaginara.

   Minutos, horas, dias, talvez anos se passaram, ele já não poderia dizer. Aquela caixa preta sugara sua mente, sua alma, fazendo-o esquecer de si mesmo, apenas importando-se com o que havia dentro da caixa. "Se este é o único prazer que posso ter", pensou, "é aqui que quero viver. Sempre"

   Mas ali dentro, nunca poderia encontrar a felicidade verdadeira. Apenas uma ilusão lhe fora apresentada, uma ilusão de felicidade e prazer, de conquista e de vitória. Pelos poucos segundos em que pode voltar à realidade, percebeu o quão fútil sua vida era. Desprezível, na verdade. Mas como pobre ser mortal que era, não imaginaria o poder que lhe haviam concebido: O prazer da felicidade real, aquela que não conhecia.

   Porém era homem condenado: Tal felicidade nunca poderia encontrar. Pois quando se percebe que a verdadeira felicidade está longe, é preferível afogar-se em sua própria felicidade, é preferível uma pequena e estranha alegria do que percorrer um árduo e doloroso caminho de paz, caminho que leva à felicidade plena e eterna.

6 de jul. de 2013

A Morte da Casa

Havia uma casa, uma casa havia
Toda pálida, com janelas azuis
Seu telhado era dourado e brilhava ao Sol
E sua porta, vermelha como o fogo
Uma família vivia naquela casa.
Família bonita, feliz e alegre
Querida por todos, por todos querida
E ali, nenhum mal havia.
Anos se passaram, passaram-se anos
A casa ruiu e afundou
Rachaduras nas paredes, barulhos nas portas
Apagaram-se as luzes, morreram as hortas
E tal família, que tal casa muito amava
Tão relutante, tão tristemente
Finalmente abandonou a casa
Mas tal casa não se esqueceu
Memórias vinham, memórias iam
Memórias de uma casa perdida
E, mesmo com a tristeza no coração
Tal família ainda amava tal casa
E a visitava, uma vez por ano
O dia da morte da casa
Lhe trazia flores, presentes e adornos
Presentes e flores à casa esquecida
Esquecida por todos, mas não por alguns
A quem traziam flores à casa
Como era de costume, família foi
Deixar flores, presentes e adornos
A tal casa já perdida
Mas tal casa já estava sumida
Onde estava casa, ninguém sabia
Finalmente, era casa esquecida

17 de jun. de 2013

The Bear and the Maiden Red

A bear there was
A bear, a bear
All black and white
And covered in hair


A boy, a man
A smiling bear
He danced and spun
Up to the fair

 

How sweet she was
And pure and fair
The maid with fire
Up in her hair

 

He smelled her all
On the rainy air
The maid with fire
Up in her hair

 

From there to here
From here to there
All black and white
And covered in hair

 

He smelled that girl
In rainy air
The bear, the bear 

And maiden red
 

Oh, I'm a maid
And I'm pure and fair
I'll never dance
With a hairy bear

 

I called the knight
But you're a bear
All black and white

And covered in hair
 

From there to here
From here to there
All black and white
And covered in hair

 

He smelled that girl
In rainy air
The bear, the bear
And maiden red

2 de jun. de 2013

Cura gay

   Desde pequeno fui levado à uma igreja evangélica, onde me ensinaram o que é certou ou errado perante a Bíblia e os ensinamentos de Deus. Entre tais ensinamentos, um deles sempre me chamou atenção: Para Deus, não há pecado maior, para Deus, todo pecado é incondicionalmente pecado, não tendo qualquer tipo de nivelamento do quão errado é.

   Eis minha pergunta: Há muitos pecados neste mundo, e apenas alguns deles são puníveis por leis em nosso país. Talvez, se fossem tais pecados puníveis pelo poder Legislativo que temos, seríamos mais felizes, mas certamente que não é algo que realmente afeta nosso existir, não há ponto de nos revoltarmos contra isso.

   Então, me vem à mente o por quê de se revoltar com algo tão trivial. De fato não concordo, é verdade. Mas seria algo que posso eu mudar? Certamente que não. E caso tentasse, estaria eu nos livros de história ao lado de Hitler e a burguesia portuguesa - estaria do lado perdedor do mundo.

   Se há tantos pecados no mundo que há muito não são puníveis por lei, e temos bem sobrevivido a isso, que outro pecado - já praticado há muito tempo - poderia nos levar à sucumbir ao caos, somente pelo fato de não ser algo punível à lei dos homens? Afinal, Deus não nivela pecado.

Terras de Noite Plutoniana

Tordo da noite,
Semblante de outrora!
Aquele que residia de minha alma por fora!

Conte-me, conte-me!
Praias da Noite,
Poder de festim,
Conte-me o que lá espera por mim!

Os deuses antigos,
Festas sem fim,
Conte o que lá
Espera por mim!

Amada perdida,
Vida falida,
Agora o retorno,
À mim há um coro

Conte, conte!
O que há para mim,
Nas terras sem fim?

-Nunca mais!

Procura à besta perdida

Corvo
Ó imponente Corvo de outrora
Demônio e Profeta de outrora
Que um dia pairaste perante mim

Por que abandonastes tal alma sofrida?
Por quê, em nome de minha amada,
Fugistes, se agitando perante mim?
Para nunca voltar, nunca mais.

Ah, pois na escuridão me afligiste
E na escuridão o homem
É frágil como o vidro prateado
E tu me vieste afligir, demônio

Assim como o roedor que foge sorrateiramente
E é subitamente surpreendido por sua presa
Assim foi tua partida
Ó poderoso semblante de outrora

Pois tu me vieste afligir - ó, a verdade!
Mas tu tornastes parte de mim - quando não sei dizer.
E tu me abandonastes - ó, a verdade!
Imploro-te agora teu retorno

Pois agora em teu lar estou
Nas Terras da Noite Plutaniana
Cujo há muito lhe indaguei - e tu não me ouvistes,
E agora tu não me ouvistes.
E nunca voltarei, nunca mais
Somente isso e nada mais.

13 de mar. de 2013

O Corvo, por Edgar Allan Poe


Uma vez numa noite sombria, enquanto eu ponderava, fraco e cansado,
Sobre uma quantidade de conhecimento esquecido-
Quando eu assentia, quase cochilando, de repente houve uma batida,
Como alguém gentilmente batendo, batendo na porta de minha câmara.
“Algum visitante”, murmurei, “Tocando em minha porta”-
“Apenas isso e nada mais...”

Ah, como bem me lembro, foi no Dezembro sombrio,
E cada morte, forjada em brasa, era um fantasma no piso.
Avidamente eu desejava o amanhã; Em vão eu tenho procurado emprestar
Dos meus livros a cessação do sofrimento – sofrimento pela Lenore perdida
Pela rara e radiante donzela que os anjos chamaram Lenore
Aqui desconhecida para sempre

E o triste, sedoso e duvidoso ruído de cada cortina púrpura
Me emocionando e preenchendo com fantásticos terrores nunca antes sentidos.
Tanto agora, ainda na derrota do meu coração, eu fico repetindo
“Este visitante qualquer pedindo entrada pela minha porta-
Um visitante tardio pede entrada pela minha porta
É isso e nada mais.”

Agora minha alma fica mais forte; não mais hesitando,
“Senhor”, disse eu, “Ou senhora, verdadeiramente teu perdão eu imploro;
Mas é fato que eu estava cochilando, e suavemente você veio bater,
E tão fraco você veio bater, bater na minha porta,
Que era escassa a certeza de tê-lo ouvido – aqui abro a porta –
Apenas escuridão e nada mais

Fundo na escuridão que espreita, tempos fiquei ali imaginando, temendo,
Duvidando, sonhando sonhos não-mortais que não ousava antes sonhar
Mas o silêncio foi quebrado, e a quietude não deu sinal,
E a única palavra que falei foi uma palavra sussurrada, “Lenore!”
Isso eu sussurrei, e um eco murmurou de volta, “Lenore!”
Meramente isso e nada mais.

Volta à câmara, toda minha alma queima por dentro,
Logo, novamente eu escuto uma batida, mais alta que antes
“Certamente”, disse eu, “certamente isso é algo na minha janela;
Deixe-me ver, então, o que é, e esse mistério explorar-
Deixe meu coração ter ainda um momento, e esse mistério explorar;
“Apenas vento e nada mais.”

Aberto aqui arremessei o obturador, quando, com muita agitação e palpitação,
De lá saiu um imponente Corvo dos santos dias de outrora.
A mínima reverência não o fez; nem um minuto parou ou ficou ele,
Mas, com semblante de senhor ou senhora, empoleirado em cima da porta-
Empoleirado, sentado, e nada mais.

Então este negro pássaro ia seduzindo minha triste fantasia ao sorriso
Pelo grave e decoroso tronco do rosto que usava,
“Embora tua crista seja tosquiada e barbeada, tu,” Eu disse, “de arte não-covarde,
Medonho, cruel e velho Corvo errante das praias Noturnas-
Conte-me o que é teu nome senhorial nas praias da Noite Plutoniana!”
Disse o Corvo, “Nunca mais”

Muito me maravilhei com esta desajeitada ave por ouvir este discurso tão claro,
Embora esta resposta de pouco significado – e de pequena relevância;
Que há nós não ajuda, concordando que nenhum homem vivo pode ser
Sempre um abençoado, vendo vista acima a ave em sua porta -
Ave ou besta no esculpido busto acima da porta,
Cujo nome é “Nunca mais”

Mas o Corvo, situado sozinho no busto plácido, disse apenas
Esta única palavra, como se sua alma naquela única palavra tivesse feito jorrar
Nada mais então ele proferiu; nem uma pena ele então abanou-
Até que eu pouco mais murmurei: “Outros tem voado-
Na madrugada ele vai me deixar, como minha Esperança tem voado.”
Então a ave disse, “Nunca mais.”

Assustado a quietude quebrada pela resposta tão apropriada dita,
“Indubitavelmente,” disse eu, “o que isso profere é somente estoque e loja,
Apanhados por algum mestre infeliz cujo inclemente Desastre
Seguido rápido e mais rápido até suas canções um fardo carregarem-
Até o dirges de sua Esperança que melancolicamente um fardo carregou.
De ‘Nunca-nunca mais. ’ “

Mas o Corvo ainda seduz toda minha triste alma, sorrindo
Em linha reta, com rodas, almofadei um assento em frente à ave, busto e porta;
Então, em naufrágio de veludo, eu me dirigi para a vinculação
Fantasia após fantasia, pensando que esse ameaçador pássaro de outrora-
Que esse cruel, desajeitado, medonho, magro e ameaçador pássaro de outrora
Quer dizer quando coaxa “Nunca mais.”

Isso digo engajado em adivinhar, mas nenhuma sílaba expressando
Para a ave, cujos ardentes olhos agora queimados dentro do núcleo de meu seio
Isso e mais eu digo adivinhado, com minha cabeça facilmente reclinável
No forro da almofada de veludo cuja lâmpada regozijou-se sobre
Mas de qual a violeta almofada de veludo cuja lâmpada regozija-se sobre
Ela deve pressionar, ah, nunca mais!

Então, me pareceu, o ar cresceu denso, perfumado por um incenso invisível
Balançado pelo Serafim cujo pé caído tilintou no piso,
“Desgraçado,” lamentei, “teu Deus tem te emprestado-por estes anjos ele tem te enviado
Descanso – descanso e nepente pelas tuas memórias de Lenore!
Beber, ah, beber este tipo de nepente e esquecer essa Lenore perdida!”
Disse o Corvo, “Nunca mais.”

“Profeta!” eu disse, “coisa do demônio! – profeta ainda, ou pássaro ou demônio!
Se Tentador enviado, ou se tempestade jogada aqui em terra,
Desolada, ainda destemida, nessa desértica terra encantada
Nessa casa pelo Horror assombrada – conte-me a verdade, imploro
Há – há bálsamo em Gileade? – conte-me – conte-me, imploro!”
Disse o Corvo, “Nunca mais.”

“Profeta!” eu disse, “coisa do demônio! – profeta ainda, ou pássaro ou demônio
Por este Céu que curva sob nós – por este Deus que ambos adoramos
Conte a esta alma sofrida se, dentro do distante Aidenn,
Deve-se agarrar uma santa donzela cujos anjos chamaram Lenore-
“Agarrar uma rara e radiante donzela cujos anjos chamaram Lenore.”
Disse o Corvo, “Nunca mais.”

“Seja esta palavra nossa assinatura de despedida, ave ou demônio!” eu gritei
“Vá de volta à tempestade e à praia da Noite Plutoniana!
Não deixe pluma negra como símbolo da mentira que tua alma tem falado!
Deixe minha solidão intacta! – saia o busto acima de minha porta!
Pegue teu bico fora de meu coração, e pegue tua forma fora de minha porta!”
Disse o Corvo, “Nunca mais.”

E o Corvo, nunca voando, ainda sentado, ainda sentado
No pálido busto do Pallas, somente acima da porta de minha câmara;
E seus olhos têm toda a aparência de um demônio que sonha,
E a lâmpada sobre ele joga sua sombra no chão;
E minha alma dessa sombra que jaz flutuando no chão
Deve ser levantada – nunca mais!


Texto original de Edgar Allan Poe
Tradução de Leonardo Machado Valadão

20 de fev. de 2013

Amor à pó

   As vezes eu me surpreendo pensando no amor de Deus.
   Não nos é sabido quando a terra se formou: Ela já estava aqui quando viemos, mas uma coisa é certa: Tudo que vimos, sentimos ou tocamos, tudo que nós somos e aquilo à nossa volta, veio das estrelas.
   Sabemos que Deus mandou seu filho, Jesus, para morrer por nós. E então vem o pensamento: Porquê um Deus todo-poderoso mandaria seu filho para morrer por meros mortais- formigas aos olhos de um homem?
     "Por que Deus tanto amou o mundo, que mandou seu único filho para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha vida eterna"
   Deus amou o mundo.
   Ora, não sabemos onde Deus está de fato, se ele está em todos os lugares ou em um específico. Mas sabemos que ele sabe tudo, e criou tudo, inclusive as estrelas.
   E tudo que somos, vemos, tocamos e sentimos, provém das estrelas.
   Somos apenas poeira de estrelas.
   E novamente eu pergunto: Porquê um Deus todo-poderoso daria seu filho para sofrer por meros mortais - poeiras de estrelas, restos de algo grandioso e luminoso?
   Por amor.
     "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

17 de fev. de 2013

Crianças: Imbecis ou imaturas?

   Há muito tempo que percebo um conceito por parte da sociedade: O tratamento das crianças como retardadas por parte dos adultos. Muitas vezes, as crianças são tratadas como criaturas irracionais, quase como uma espécie diferente, e não como seres humanos. Pessoas que tratam crianças com todo aquele "cuti-cuti", e aquela coisa de "vou fazer graça para ver se ele entende": Isso é realmente necessário? Acho que não.

   Criança, no dicionário: Indivíduo da espécie humana na infância. Ou seja: A criança ainda é uma pessoa como eu e você, mas imatura. Ele não é um cachorro ou um gato irracional, que não entende o que é dito: Sim, ele entende, apesar de não conseguir raciocinar isto até chegar a uma conclusão.

   Estudos comprovam que tratar uma criança como uma abobada (ou seja: Fazer graçinhas desnecessárias) torna a criança mais boba quando ela cresce. Isto prova o que disse no parágrafo anterior: Ela entende, mas não raciocina. O que uma criança vê na infância (inclusive em seus primeiros dias) reflete em sua personalidade ao se tornar adulta. Se você faz graçinhas, ela vai fazer graçinhas o resto da vida. Isto não é saudável para a vida de uma criança.

   E por que a sociedade trata uma criança como sendo irracional? Essa questão é um conceito pré-determinado pela sociedade, que remota do "que é bonito e o que não é". Se você acha algo bonito, provavelmente é porque alguém te disse que é bonito - não diretamente, mas, por exemplo, ao ver um comercial (na infância ou não) com uma mulher de biquíni ou um homem sem camiseta, um conceito passado de forma indireta. O mesmo acontece com crianças: Você acha que é bonito porque alguém lhe disse que é bonito. No caso, "fofo(a)". E, outro conceito passado pela sociedade: O que é fofo(a), deve ser paparicado.

   Acho que expus meu ponto. Para concluir, deixo a frase do escritor inglês J.R.R Tolkien: "É um erro; na melhor das hipóteses um erro de falso sentimento, e portanto um erro cometido mais freqüentemente por aqueles que, seja qual for seu motivo particular, tendem a enxergar as crianças como um tipo especial de criatura, quase uma raça diferente, e não como membros normais, ainda que imaturos, de uma determinada família e da família humana em geral."

3 de fev. de 2013

Via Láctea - Olavo Bilac

Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"

E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e entender estrelas

2 de fev. de 2013

Éktra

Meu coração está cheio de ódio
E eu anseio mais
Pois é o que me completa
É o que me faz forte
Diferente dos demais
Fracos e sem esperança
Eu tenho esperança
A esperança de ter mais
Pois nasci com poder
E meu poder aumenta
Conforme meu ódio aumenta
Por isso me preencho por raiva
A única coisa que me faz sentir vivo
E me faz sentir forte
Poderoso
Por isso nunca estarei feliz,
Até conseguir mais

29 de jan. de 2013

Razão de viver

 Estou perdendo a razão de viver.
 Estou voltando a primeira desgraça, de onde todo o meu sofrimento, todos os males que habitam minha vida, vieram.
 Lá, onde habitam prostitutas, assassinos, servidores da bruxaria, demônios, caluniadores, mentirosos, tolos, zombadores, alienados, crianças retardadas, e fingidores. É para lá que estou indo.
 E já fui para lá uma vez, e uma vez prometeram-me que minha estadia lá pouco duraria, e desde então metade da minha vida se passou.
 Não sei se aguentarei aquilo de novo, não sei se aguentarei a mentira, a tentação, a transformação, a paixão, a enganação, a falsidade, a humilhação.
 Pois ali sou mais valioso que todos eles, sei que sou mais poderoso e forte que todos eles, mas sou obrigado a fingir que sou o pior deles.
 Eu deveria merecer mais, merecer algo ou alguém que reconhecesse do que sou capaz, mas não posso, não consigo fazer com que vejam.
 Tudo o que desejo é alguém que me dê mais, pois estou sedento e preciso ser saciado pelo conhecimento. Não peço muito, tudo que peço é que me preencha com o saber, mas tudo o que ganho é falsos historiadores e uma sociedade que me vê como escória.
 E é por isso que estou perdendo a razão de viver, pois algumas vezes o sofrimento da morte é um preço justo a pagar comparado ao sofrimento da vida.

10 de jan. de 2013

Oração ao Cadáver Desconhecido, por Karl Rokitansky

Ao curvar-te com a lâmina rija de teu bisturi sobre o cadáver desconhecido, lembra-te que este corpo nasceu do amor de duas almas; cresceu embalado pela fé e esperança daquela que em seu seio o agasalhou, sorriu e sonhou os mesmos sonhos das crianças e dos jovens; por certo amou e foi amado e sentiu saudades dos outros que partiram, acalentou um amanhã feliz e agora jaz na fria lousa, sem que por ele tivesse derramado uma lágrima sequer, sem que tivesse uma só prece. Seu nome só Deus o sabe; mas o destino inexorável deu-lhe o poder e a grandeza de servir a humanidade que por ele passou indiferente.

Pesquisar